quinta-feira, novembro 21, 2024
Economia

Setor de serviços avança 2,3% em 2023, revela o IBGE

Em 2023, o setor de serviços registrou um crescimento de 2,3%, marcando o terceiro ano consecutivo de expansão. Em dezembro passado, o volume de serviços no Brasil aumentou 0,3%, marcando o segundo resultado positivo consecutivo. Nos últimos dois meses do ano, houve um avanço acumulado de 1,2%, recuperando parte da perda de 2,1% registrada entre agosto e outubro.

Comparado a dezembro de 2022, os serviços tiveram um recuo de 2,0%, o mais intenso desde janeiro de 2021, quando a queda foi de 5,0%. Nos últimos 12 meses, o ritmo de queda dos serviços diminuiu, passando de um recuo de 3,1% em novembro para 2,3% em dezembro de 2023. Esses dados são parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro.

A série histórica revela que, com o aumento de 0,3% em dezembro, o setor de serviços ficou 11,7% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da série em dezembro de 2022.

De acordo com o IBGE, a última vez que o setor de serviços registrou crescimento por três anos consecutivos foi entre 2012 e 2014, com um ganho de 11,3%. No triênio atual, de 2021 a 2023, a evolução foi ainda mais expressiva, com um avanço de 22,9%. O crescimento de 2,3% registrado em 2023 foi o menos intenso da sequência, sendo que em 2021 a alta foi de 10,9% e em 2022, de 8,3%.

O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, explicou que em 2021 e 2022 houve uma base de comparação elevada, resultado tanto da retomada do setor após o período de isolamento da pandemia de covid-19 quanto dos ganhos extraordinários dos segmentos de serviços de tecnologia da informação e do transporte de cargas. Ele afirmou que apresentar expansão sobre dois anos que cresceram substancialmente é algo relevante.

Atividades

Quatro das cinco atividades da Pesquisa Mensal de Serviços registraram taxas positivas em 2023. A pesquisa também indicou que 55,4% dos 166 tipos de serviços analisados tiveram crescimento. Os serviços de informação e comunicação (3,4%) e os serviços profissionais, administrativos e complementares (3,7%) foram os destaques.

“No primeiro, os principais impactos foram do aumento das receitas das empresas que atuam nos segmentos de telecomunicações; desenvolvimento e licenciamento de softwares; desenvolvimento de programas de computador sob encomenda; tratamentos de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet; e portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet”, detalhou o IBGE.

A expansão da locação de automóveis, dos serviços de engenharia, das cobranças e informações cadastrais, das atividades de intermediação de negócios em geral e das agências de viagens favoreceu o resultado dos serviços profissionais, administrativos e complementares.

“Atividades que se fortaleceram no contexto pós-pandemia colocaram o setor de serviços em patamares elevados. Houve, por exemplo, aumentos consideráveis nos serviços voltados às empresas, notadamente os serviços de TI [tecnologia da informação]”, observou o gerente.

Neste contexto, ele ressaltou o transporte rodoviário de carga, que influenciou o avanço de 1,5% nas atividades de serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e Correios. “É um segmento que cresceu, num primeiro momento na esteira do aumento do comércio eletrônico e que ganhou novos impulsos com a expansão da produção agrícola, na medida em que se cria a necessidade de transporte de insumos, como adubos e fertilizantes, além de operar o próprio escoamento da colheita”, explicou.

Famílias

Os serviços prestados às famílias registraram alta de 4,7% e encerraram o ano com atividades em expansão. O único setor a apresentar resultado negativo foi o de outros serviços, com uma retração de 1,8%. Isso se deveu à menor receita proveniente de serviços financeiros auxiliares; administração de fundos por contrato ou comissão; corretoras de títulos e valores mobiliários; e administração de bolsas e mercados de balcão.
Segundo o pesquisador, o resultado de 2023 seguiu a tendência observada em 2022. “Com a retomada após o período de isolamento da pandemia, houve uma redistribuição da renda disponível das famílias, com redução das aplicações financeiras e aumento do consumo de bens e serviços, que estavam mais represados nos períodos de maior incerteza”, explicou.

Estados

Das 27 unidades da federação, 25 tiveram elevação na receita real de serviços, com resultados positivos em Minas Gerais (7,7%), Paraná (11,2%), Rio de Janeiro (3,3%), Mato Grosso (16,4%), Santa Catarina (8,0%) e Rio Grande do Sul (4,4%). As quedas foram registradas em São Paulo (-1,8%) e Amapá (-2,2%).

Pela primeira vez, o setor de serviços prestados à família ultrapassou o patamar pré-pandemia em dezembro de 2023. Essa era a única atividade da pesquisa que ainda não havia conseguido esse desempenho. Em dezembro, houve uma alta de 3,5%, levando os serviços prestados às famílias ao maior nível desde fevereiro de 2016.

“É um setor que, pouco a pouco, foi eliminando as perdas da pandemia. Houve uma mudança na configuração das atividades. Os serviços de aplicativos de entrega, por exemplo, acabaram se apropriando de uma parte das receitas dos restaurantes, havendo, assim, uma transferência de receita entre dois setores do setor de serviços”, exemplificou Lobo.

Apesar da retomada em bom ritmo da atividade turística, que auxilia a melhoria do setor de alojamento e alimentação, fundamental para a atividade de serviços prestados às famílias, o retorno ainda gradual ao trabalho presencial ou híbrido também explica o ritmo mais lento de retomada.

“Ainda há um grande contingente de pessoas trabalhando de maneira remota, o que ajuda a transferir receita dos serviços (restaurantes) para o comércio (supermercado), por exemplo”, relatou Lobo.

Alta nos transportes

Os setores de transportes também foram destacados com um aumento de 1,3%. Esse resultado interrompe uma sequência de períodos negativos consecutivos, que resultaram em uma perda acumulada de 5,4%. Em movimento contrário, a atividade de serviços de informação e comunicação teve uma variação positiva de 0,2%, marcando a terceira taxa positiva consecutiva. O ganho acumulado ficou em 1,8%. As quedas foram observadas nos serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,7%) e nos outros serviços (-1,2%).

Em dezembro, 18 das 27 unidades da federação registraram crescimento. “A alta mais significativa veio de São Paulo (0,6%), seguido pelo Distrito Federal (2,8%), Santa Catarina (1,8%) e Paraná (0,8%). Em contrapartida, Rio de Janeiro (-2,6%), seguido por Minas Gerais (-1,4%), Mato Grosso (-2,6%) e Mato Grosso do Sul (-4,1%), foram os principais declínios”, informou o IBGE.

Na comparação entre dezembro de 2023 e dezembro de 2022, a pesquisa mostrou uma evolução de 1,4%, marcando a 33ª taxa positiva consecutiva.

Indicadores

Para o IBGE, a Pesquisa Mensal de Serviços gera indicadores para o Brasil, permitindo acompanhar o comportamento conjuntural do setor de serviços no país.

Nas análises, os pesquisadores investigam “a receita bruta de serviços nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, que desempenham como principal atividade um serviço não financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação”. A próxima divulgação do estudo – referente a janeiro de 2024 – está prevista para o dia 15 de março próximo.

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