Sociedade Brasileira de Nanomedicina avalia progresso do setor
Com o objetivo de entendermos melhor como a tecnologia pode ajudar na área da saúde, a redação conversou sobre o assunto com o presidente da Sociedade Brasileira de Nanomedicina (NANOMED), Cristovão Pinheiro. Veja como o presidente avaliou o progresso e o que destacou como imprescindível para colocar o Brasil em destaque no campo da Nanomedicina.
Cristovão Pinheiro é Presidente da Sociedade Brasileira de Nanomedicina (NANOMED). A Sociedade Brasileira de Nanomedicina é formada por membros de diversos campos, incluindo medicina, nanotecnologia, engenharia, ciências biomédicas e direito, com o objetivo comum de promover a pesquisa em nanomedicina para beneficiar a saúde global.
- Em relação ao resto do mundo, como o senhor vê o Brasil no quesito tecnologia em saúde? Vamos bem ou não?
Infelizmente não podemos dizer que estamos bem. O Brasil nunca foi um grande investidor no quesito tecnologia em saúde e existem diversos fatores que explicam isso. O primeiro é que, culturalmente, somos um país dedicado a atenção primaria à saúde, que considero como muito importante, mas com isso os maiores investimentos são direcionados a atenção básica de saúde, provocando, naturalmente, um distanciamento dos recursos humanos e financeiros do setor de tecnologia aplicada à saúde.
O segundo fator é falta de planejamento de políticas públicas a médio prazo, que priorize a educação tecnológica no país, pois, creio eu, que será a tecnologia em saúde que poderá garantir a manutenção do SUS, já que quanto mais existirem pessoas capacitadas na área, maior será a possibilidade de tornar o serviço menos oneroso para o Estado. Mas para que isso aconteça é necessária a participação de diversos setores do governo e da sociedade, como ministério da saúde, da educação, da ciência e tecnologia e a inciativa privada.
- Teria exemplos de pesquisas em saúde que atualmente colocam o Brasil na vanguarda?
Apesar de todas as dificuldades que o Brasil enfrenta, eu vejo que os avanços, através do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNANO), botam o país na vanguarda no diagnóstico e tratamento do câncer. Existem laboratórios em universidades brasileiras que já apresentam pesquisas promissoras no desenvolvimento de nano fármacos contra câncer. Eu acredito que, no futuro, as pesquisas relacionadas a cura do câncer irão colocar o Brasil entre os melhores do mundo em nanomedicina.
- Qual a importância desse tipo de investimento para a economia?
As revoluções tecnológicas em saúde estão em uma velocidade nunca vista antes, e os países que não conseguirem acompanham essa revolução terão os seus desenvolvimentos econômicos comprometidos.
Veja o Brasil, temos uma população idosa crescente e naturalmente dependente do Sistema de Saúde Pública, sendo assim, a tendência é que as despesas cresçam proporcionalmente e isso impacta diretamente a economia do país.
As maiores potências mundiais entenderam isso bem cedo, fortaleceram os investimentos no campo tecnológico em saúde e hoje colhem frutos desses investimentos, não só tornando a assistência menos onerosa, mas exportando tecnologias e tratamentos de saúde, equipamentos de ponta e medicamentos.
- Quando se fala em tecnologia da saúde há algum ramo em específico que seja mais promissor? Qual e por quê?
A nanomedicina, que é o uso da nanotecnologia na medicina, sem dúvida é o campo mais promissor.
A nanomedicina será uma das responsáveis pela cura do câncer e de tantas outras doenças de difícil controle. Ela nos dará a oportunidade de tratar as doenças bem antes do seu diagnóstico. Através da nanotecnologia aplicada a saúde poderemos usar de forma mais eficiente o termo tratamento preventivo.
Falar em nanomedicina hoje é falar também de custos elevados para o desenvolvimento do setor, mas a longo prazo será sem sombra de dúvidas a forma mais barata de se fazer prevenção, diagnóstico e a cura de doenças, vistas hoje como incuráveis.
- Nesse sentido, é possível apontar alguma projeção para essa área no Brasil?
O Brasil tem muitos cientistas competentes trabalhando no sentido de fazer com que a nonomedicina se desenvolva e, por isso, acredito que os estudos relacionados a produção de vacinas com apoio da nanotecnologia será o mais promissor nos próximos anos. Nós temos o Instituto Butantan e a Fiocruz, que já são referências mundiais e que certamente ampliarão os seus estudos para se tornarem grandes referências mundiais em vacinas e outros medicamentos com o uso da nanotecnologia.